Partilhas de coração, estudos,
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**29/08/2020** Faz hoje 12 anos que fiz nascer a minha filha, que a recebi de dentro de mim com as minhas próprias mãos. Foi na madrugada de 29 de Agosto, uma noite quente de verão, depois de umas poucas horas de trabalho de parto ativo passadas à janela. Mas a história deste parto começou bem antes. No dia 1 de Agosto, estava com 38 semanas, comecei com contrações e pensei que este bebé ia nascer mesmo no dia mundial da amamentação. Tão giro! Só que não. Passadas umas horas as contrações pararam. E a partir daí voltaram todos os dias pela mesma hora e todos os dias eu pensava "é hoje", mas nunca era. Eu fazia caminhadas, subia e descia escadas e nada. As contrações paravam ao fim de umas horas. Chegámos a dia 28, e quando as contrações voltaram nesse dia pensei que ia ser mais um dia igual aos outros. Mas não foi porque nesse dia não pararam. Pelas 23h rebentaram as águas, comigo sentada na bola de pilates, mesmo no meio da sala. Era mais um sinal que tudo estava bem encaminhado. Pouco depois chegaram a doula e a parteira. A equipa estava completa. 💞 Lembro-me de eu e o Paulo termos dado um longo beijo daqueles que fazem subir a oxitocina. Logo depois veio uma contração mais forte. Comecei a desligar do mundo exterior e a ir cada vez mais para a partolândia. Sempre de pé, apoiada no parapeito, janela aberta, a sentir todos os cheiros daquela noite maravilhosa, a ouvir todos os sons que vinham do exterior - um comboio ao longe, o mugir das vacas. Não suportava que ninguém me tocasse ou falasse para mim. E tive mesmo que mandar calar alguém. 😆 Entretanto as contrações pararam e comecei a sentir vontade de fazer força. Nem queria acreditar, tinha passado tão pouco tempo. Coloquei-a no mundo com toda a força que tinha, porque naquela época eu ainda não sabia que não precisava fazer força. Parir de pé foi a minha escolha, que não foi bem uma escolha consciente mas antes a posição que o meu corpo adotou naquele momento. Um corpo sábio que sabe que para parir 4,5kg de gente é melhor contar com a ajuda da gravidade. Que sensação maravilhosa, que momento poderoso e curador sentir o seu corpinho quente e húmido entre as minhas pernas e trazê-lo para o meu colo. A minha filha Sara, com a sua chegada, trouxe-me a cura do parto do irmão e mostrou-me que eu era capaz. Trouxe-me o desejo de ser Doula e apoiar outras mulheres na caminhada da maternidade. Trouxe-me muito mais, como a capacidade de aceitar e trabalhar tantas coisas em mim que vejo espelhadas nela. Há 12 anos renasci mais uma vez no nascimento da minha filha. Grata de coração às minhas queridas parteira Ana Ramos e doula Luísa Condeço por estarem lá, por me darem aquele espaço de segurança, por cuidarem de mim com tanto amor e respeito. Sem vocês não teria sido possível. ❤️
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Lídia de Matos
Doula e educadora perinatal, conselheira em aleitamento materno Histórico
Maio 2021
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